Algum lugar no interior de São Paulo – 19:48
- Tem como parar num posto? – perguntou Natália.
- Posto? Não percebeu que estamos no meio do nada? – disse Du.
- Mas estamos dirigindo desde as duas da tarde! – reclamou Natália.
- Correção, eu estou dirigindo. – respondeu Du.
- Eu preciso ir ao banheiro! – gritou Natália.
- E o tanque está quase vazio. – disse Du a Pedro que estava sentado no banco de trás fazendo algumas anotações numa agenda.
- E eu quero uma cerveja! – gritou Pedro – É hora do chilique coletivo? Que saco, estamos quase chegando, porra! Avisei o Tony que precisaríamos de combustível e cerveja e acho que tem um banheiro na casa dele, se não tiver, contente-se com uma simpática moitinha.
- Sempre precavido – disse Du.
- Ta nervosinho por que? – perguntou Natália – Quando tava no porta-malas dormiu com a chave de roda enfiada no rabo?
- Você tem andado demais com o Du, sabia? – disse Pedro – Eu só to encanado com tudo que aconteceu em Nova Iorque.
- Encanado com o que aconteceu com a gente ou pelo Maddox ter se matado? – interrompeu Du.
- Não acho que o Maddox tenha ficado puto a ponto de fazer isso. – respondeu Pedro ainda escrevendo na agenda.
- Também achei estranho quando vi na TV – disse Du.
- Estranho é você me levar pros Estados Unidos ilegalmente e não abrir um portal para a casa do Tony Sabido. – resmungou Natália.
- Ainda não me recuperei completamente. – respondeu Du – Se quiser sacrificar umas virgens, ficarei agradecido.
- Ta mais fácil achar o coelhinho da páscoa que virgens. – disse Natália.
- É ali. – disse Pedro guardando as anotações no bolso interno da jaqueta e apontando com o indicador da mão esquerda.
- Aquilo parece um bordel. – disse Natália.
- Ta sabendo, hein! – brincou Du – Depois você me conta umas historinhas do teu passado obscuro.
- Palhaço. – riu Natália.
- Gata, seguinte, esse não é um lugar muito agradável pra uma mocinha. Fique no carro, ok? – disse Pedro batendo no ombro esquerdo de Natália.
- Ta querendo fazer programa e tem vergonha que eu veja? – brincou Natália – Relaxa, não tem nada aí que eu não visto ou ouvido falar.
- Isso vai ser engraçado. – disse Du estacionando o carro.
- O que pode ter de tão assustador num lugar chamado “Estranho Amor”? – perguntou Natália antes de entrarem na boate de Tony Sabido.
– Du, deixa a câmera do teu celular no jeito. A gente precisa filmar a cara dela. – disse Pedro tirando seu celular do bolso.
- Vai, abre a porta, guria! – disse Du com o celular em punho filmando o rosto de Natália.
Ao abrir a porta Natália cobriu a boca com a mão direta, tentando conter o riso e se recompor do susto que levara. Du e Pedro davam gargalhadas enquanto filmavam o constrangimento da jovem. A boate estava decorada como uma discoteca da década de 80, mas com vários sofás e pufes espalhados pelo salão, onde estavam dezenas de homens e mulheres nus.
- Mas que putaria! – gritou Natália para que pudesse ser ouvida.
- Muito legal, né não? – disse Du pegando um objeto fluorescente, cilíndrico e comprido que estava sobre uma mesa – Leva um brinquedinho desses de lembrança!
- Aquela mulher ta enfiando um trem desses naquele cara?! – disse Natália, espantada, apontando – Ai, meu Deus! Não me diz que aquilo é um, um...
- Um cachorro! – gritou Pedro.
- É demais pra mim! – gritou Natália – Vou esperar no carro!
- Se fosse você, ficaria aqui. – gritou Du – Enquanto procurava uma vaga, vi um pessoal descendo um cavalo no estacionamento.
- Cadê aquele sem-vergonha? – perguntou Pedro a Du.
Du tocou o chão por alguns segundos, apontou, e respondeu - No último sofá, embaixo da mulher vestida de gladiadora.
Pedro se aproximou do sofá e puxou o braço esquerdo do homem que estava embaixo da gladiadora.
- Pedrinho! – gritou Tony jogando a gladiadora para fora do sofá – Dudu! Vocês demoraram! Hum... trouxeram lanchinho, é? – brincou, medindo Natália dos pés a cabeça.
- Bem que to tentando, mas ela ta fazendo de difícil. – disse Pedro – Tem algum lugar onde podemos conversar?
- Vamos ao meu escritório. – disse Tony – Leopoldo – gritou para o barman – não deixe virar bagunça!
Tony levou-os ao escritório, localizado acima do bar, acendeu um cigarro e disse – Podem ficar a vontade. Mocinha, não precisa fazer careta, isso aí é iogurte. – jogou uma toalha para Natália – Forra aí e senta, não precisa ficar com nojo.
- Não tomaremos muito seu tempo, Tony. – disse Pedro.
- Não se preocupe. – disse Tony – O que estiver acontecendo lá embaixo pode esperar alguns minutos.
- Viemos saber se você ouviu algo sobre anjos querendo destruir demônios. – disse Pedro.
- E não é isso que eles sempre quiseram? – perguntou Tony com o cigarro no canto da boca e servindo uísque aos convidados.
- Dessa vez é diferente. – interrompeu Du – Os anjos estão se envolvendo diretamente.
- Eles não costumam fazer isso. – disse Tony – É mais fácil e menos perigoso usar humanos.
- Matamos um anjo semana passada e um milionário que estava envolvido com ele se matou na mesma noite. – disse Pedro.
- Presumo que esteja falando de Eniael e Sebastian Maddox, certo? – sorriu Tony apontando para Pedro – Fiquei sabendo disso no dia que aconteceu, há uns... quatro dias.
- O que sabe sobre Eniael? – perguntou Du.
- Ele nem era anjo direito. – disse Tony dando um gole no uísque – Ficou tanto tempo na Terra cedendo aos prazeres carnais e materiais que mal tinha poderes.
- Parece alguém que conheço. – riu Du virando sua dose, pegando a garrafa e colocando mais uma – Não ta confundindo a história dele com a sua?
- Se soubesse o tédio que é viver no paraíso nos daria razão. – respondeu Tony.
- Faço idéia. – disse Du servindo mais uma dose a Tony.
- Nunca concordei com o que os Anjos de Prata fizeram com os humanos. – disse Tony – Por isso, não vou deixá-los destruir a Terra.
- Então tem alguma coisa acontecendo? – perguntou Pedro.
- Já faz algum tempo, mas me lembro que Eniael veio aqui, ficou bêbado, e falou demais. – disse Tony – Não achei que fosse verdade o que dizia, mas agora que estão aqui, talvez tenha sido desleixado.
- E o que ele disse? – perguntou Pedro.
- Era uma conversa de bêbado, sem pé nem cabeça. Primeiro, falou algo sobre limpar a Terra, dar poderes aos humanos... algo do tipo. – Tony apagou o cigarro e acendeu outro – Depois, disse que se tornaria um Anjo de Prata... que era para eu guardar segredo... que estava liderando o Ômega.
- Ômega? Projeto Ômega? – disse Du – Já ouvi isso em algum lugar.
- Provavelmente. – disse Tony – É uma lenda sobre os anjos terem uma arma que desequilibraria a disputa pela Terra. Dizem que isso seria possível agora devido aos avanços científicos.
- Se Enieal era o líder, então esse projeto não vai vingar. – disse Natália – O Du pilou aquele anjo!
- É aí que acho que ele estava contando vantagem de bêbado. – disse Tony – O que corre na boca pequena é que o Ômega foi arquitetado por Miguel e que ele comandará um exército de anjos e humanos que destruirá todos os demônios. Quando digo demônios estou incluindo os vampiros. É que para nós, anjos, não há diferença.
- Então os humanos serão salvos pelos anjos? – perguntou Natália.
- Não. Só alguns poucos escolhidos. – respondeu Tony – A maioria também será exterminada.
- E Deus não vai fazer nada? – perguntou Natália.
- Deus não faz nada há muito tempo. – disse Du – Talvez devêssemos pensar em acordar o Anjo de Luz.
- Samael? – disse Tony – Desde a luta contra Miguel que ele está preso. Não será nada fácil chamá-lo.
- Samael, tipo, Lúcifer? – disse Natália meio assustada – Ele é do grupo dos malvados, não é?
- Ele era um anjo poderoso e ambicioso, mas não tenho certeza se é realmente esse monstro que dizem. – disse Tony – Entenda, criança, não importa quanto tenha perdido, ou quão suja tenha sido sua campanha, se vencer a guerra, você escreverá a história. Os vencedores sempre tratam de desmoralizar os vencidos e justificar a guerra como algo necessário e inevitável contra o mal. Com o desaparecimento de Deus, alguém precisava ficar no comando e Miguel, líder do exército celestial, logo se prontificou, mas Samael foi contra. Milhares, talvez milhões, de anjos foram destruídos nessa guerra. Por fim, Samael foi aprisionado no Inferno e seus poucos soldados restantes foram banidos do Paraíso. Os anjos que passaram a comandar o Paraíso e a Cidade de Prata impediram a vinda dos humanos à Terra durante um bom tempo, pois temiam que eles se aliassem aos seguidores de Samael que aqui viviam. Com a fuga dos humanos para a Terra, Miguel e seu aliado Gabriel, logo trataram de mostrar aos humanos quem mandava, e passaram a fazer aparições esporádicas, que resultaram na criação das maiores religiões. No começo, a imagem que criaram de Deus era de um ser impiedoso, às vezes até cruel, que o tempo todo vigiava e punia os humanos que não o adorassem acima de todas as coisas. Quando os humanos passaram a temer mais a si mesmos que a Deus, resolveram mudar, criando um ser poderoso, mas bondoso e misericordioso. Gabriel tem uma grande importância nisso tudo, pois sempre foi apresentado aos humanos como “o mensageiro de Deus”. Certa vez, indignado com umas ações dos líderes, fui aos portões da Cidade de Prata, esperei até que Gabriel aparecesse e disse a ele “já que você é o mensageiro, pergunte ao Todo Poderoso até quando essa aristocracia comandada por Miguel se manterá no poder”. Ele sequer olhou para mim, simplesmente me ignorou e entrou na Cidade de Prata. Fiquei putissimo! Quando estava indo cuidar dos meus deveres, um querubim veio até mim e disse que eu seria enviado a Terra para uma missão. Durante duzentos anos, esperei pelas ordens que nunca vieram e hoje, após sete séculos, entendo que fui banido. – pegou a garrafa de uísque, pôs uma dose grande no copo e tomou de uma vez. Seu rosto demonstrava que estava claramente infeliz com a forma e os motivos pelos quais fora banido do Paraíso. Colocou outra dose no copo, acendeu outro cigarro e, mudando do assunto que o incomodava, continuou - Mas acabo de pensar num detalhe... uma guerra com Miguel de um lado e ninguém como Samael para impedi-lo do outro será um massacre.
- Então, acordar Samael virou uma obrigação. – disse Du.
- Conhece alguém que possa ajudar? – perguntou Pedro a Tony.
- Não me chamam de Tony Sabido por ser bom de matemática. – respondeu Tony sorrindo – Vão para o aeroporto de Guarulhos, farei umas pesquisas e ligo assim que tiver respostas.
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
ResponderExcluirTony sabido é FOOOOOOOOOOOOOOOOOOODA!!!
A História tá muito massa.
Continue assim ^^v
Humm o negócio tá ficando bom!! Acorda o Samael lá cara!! xD
ResponderExcluirGostei muito!
ResponderExcluirTem muito mais jeitão de roteiro do de TEXTO mesmo.
Se tentar negociar com alguma produto vira! Isso aí representado vai ficar 10.
OIe carak
ResponderExcluiradoreeeiiiiii
ri pakassss
mas tipow
manda ai a continuação logo ?
me visita?????
http://romanceepaixao.blogspot.com/
bjus