- Apesar de não achar que exista um local melhor para iniciarem as buscas, não sei se encontrarão algo no veículo. – disse Ademar -A perícia não acho pista alguma e, segundo testemunhas, o motorista e Luís Felipe, o filho do Dr. Linhares, foram levados em outro carro.
- Como assim levados em outro carro? – perguntou Roberto.
- Ao pararem num sinal da Avenida Higienópolis, dois homens armados desceram de um Astra preto e os obrigaram a acompanhá-los. – respondeu Ademar – A polícia encontrou o carro, que tinha sido roubado na noite anterior ao seqüestro, abandonado no estacionamento do Shopping Catuaí.
- Ademar, busque as chaves do carro. – pediu Natália – Vocês vão me ajudar a procurar algum objeto pessoal do garoto. Ao encontrarem, apenas me mostrem. Não toquem em nada.
- Adoro mulher que sabe comandar. – disse Pedro – Enquanto o “faz tudo” busca as chaves, você poderia me contar um pouco da sua vida, baby.
- Só pode ser brincadeira. – disse Natália retirando do bolso direito da calça um maço de Marlboro e um isqueiro.
- Que nada, só quero conhecer melhor a futura nora da minha mãe. – respondeu Pedro.
- Seu irmão é bonito? – perguntou Natália após acender um cigarro.
- Engraçadinha. – respondeu Pedro mal humoradamente.
- Eu tenho uma pergunta sobre você – disse Roberto a Natália – Ademar disse que seu irmão te indicou para o serviço. Ele disse no camarote, antes do casal aí chegar, que estávamos esperando um vampiro e um demônio. Já tive contato com outros vampiros e demônios, não me surpreendi. Conheço as capacidades deles, mas você e eu somos humanos. O que você faz?
- Na hora certa vocês saberão, pode ficar tranqüilo. – respondeu Natália.
- Toma, orelha seca! – riu Du.
- Tudo bem, senhorita mistério. – disse Roberto – Pode ao menos dizer o que seu irmão faz da vida e porque ele te indicou?
- Meu irmão é médium. – respondeu Natália – Me indicou porque sofreu um acidente e ainda está internado.
- Um médium que sofre acidente? – surpreendeu-se Pedro.
- E o que tem de mais? – perguntou Natália.
- Se pode ver o futuro, pra ele não existiriam acidentes. – respondeu Pedro.
- Ele não vê o próprio futuro, só consegue ver o dos outros. – disse Natália – Meu outro irmão era o contrário.
- Seu outro irmão só via o próprio futuro? – perguntou Pedro.
- Exatamente.
- Isso deve ser muito chato. – disse Du – Como ele fez para parar isso?
- Se matou aos 13 anos.
- Cacete... – murmurou Du.
Natália ficou claramente incomodada de falar do irmão e não queria mais conversar. Os homens, percebendo que não havia clima para qualquer assunto, respeitaram seu silêncio e ficaram esperando Ademar.
- Até que enfim! – resmungou Du.
- Desculpem-me, o patrão não sabia onde estavam as chaves. – disse Ademar.
- Cheio da grana, morando num prédio que tem um apartamento por andar e o muquirana usa um carro japonês pra carregar os filhos? – reclamou Pedro.
- Sul-coreano – disse Roberto – Tucson é da Hyundai, que é uma marca coreana.
- Obrigado, quando for trocar de carro te chamo pra dar opinião. – respondeu Du.
Ademar destravou as portas e antes que começassem a procurar Natália viu uma mochila escolar no banco detrás.
- Não precisam procurar, acho que já encontrei. – disse Natália abrindo a mochila e retirando um PSP. Fechou os olhos e segurou firmemente o aparelho com ambas as mãos. Permaneceu concentrada, em silêncio, por alguns segundos até que disse – Vamos ao apartamento.
Ademar pegou seu celular e avisou Dr. Linhares que estavam subindo. Entraram no elevador e Ademar apertou o botão 9. Natália achou estranho, mas não comentou. Foram recebidos na entrada do apartamento pelo médico – sua esposa estava no quarto, enquanto o filho mais velho estava na casa de parentes em São Paulo desde o seqüestro.
- Muito obrigado por procurarem meu filho. – disse Linhares cumprimentando os visitantes.
- Desculpe o incômodo, só pedi para subirmos porque tenho algumas dúvidas e preciso que o senhor dê algumas respostas – disse Natália.
- Claro, sem problemas. – disse o médico – Faço qualquer coisa para ajudar.
- Serei direta então. Quem mora no apartamento 8?
- Meu amigo, Fernando Monteiro. – respondeu Linhares.
- Tiveram alguma briga recentemente?
- Não, nunca brigamos. Moramos aqui faz uns cinco anos. Algumas vezes ele interfonou pedindo para abaixar o volume da TV quando os meninos jogavam videogame, mas só.
- Seu filho está no apartamento 8. – disse Natália surpreendendo a todos.
- Como assim? – perguntou o médico incrédulo.
- Seu filho esteve o tempo todo no apartamento 8. É melhor ligar para o seu amigo.
Rapidamente, enquanto Linhares telefonava para Fernando Monteiro, Ademar pegou o interfone e pediu ao porteiro que passasse ao apartamento 8. Tanto o telefonema quanto o interfone não foram atendidos.
- Devemos chamar a polícia. – disse Ademar.
- Vamos dar uma olhada antes. – disse Roberto – Precisamos ter certeza que a criança está lá. Preciso de um espelho grande e um copo d’água.
- No quarto de hóspedes tem um espelho – disse Linhares – Primeira porta à direita.
Roberto levou o espelho até a sala de estar e colocou no chão. Derramou a água sobre o espelho e começou a fazer movimentos circulares com o indicador direito, espalhando a água que desaparecia com o seu toque. Quando toda a água desapareceu, o que se via no espelho era o interior de um quarto muito mal iluminado.
- O que é isso? – perguntou Linhares sem acreditar no que via.
- É o reflexo do espelho que está no quarto de Fernando Monteiro. – respondeu Roberto – Acho melhor o senhor esperar aqui. Os que quiserem, por favor, me acompanhem. Não percam tempo pensando, pois esse feitiço não costuma durar muito tempo.
Roberto saltou sobre o espelho e desapareceu da sala surgindo no reflexo como se tivesse sido arremessado do espelho da parede do quarto sobre a cama de casal. Natália, Pedro e Ademar saltaram em seguida.
- A curiosidade matou o gato e o advogado, sabia? – disse Pedro a Ademar.
- Estou apenas me certificando que vocês não causaram problemas. – respondeu Ademar.
- O demoninho ficou com medo? – perguntou Roberto.
- Viro drag antes de precisar da sua ajuda. – disse Du saindo do banheiro da suíte.
- Não quero atrapalhar, mas temos serviço a fazer. – reclamou Natália.
- Por favor, não toquem em nada. – pediu Ademar.
Na sala de estar, encontraram Fernando Monteiro, sua esposa. e a filha adolescente, amarrados a cadeiras, de costas um para o outro, amordaçados e com as gargantas cortadas. Sobre a mesa da sala de jantar, estava Luis Felipe, nu, com os pulsos e tornozelos atravessados por grandes pregos. Além de vários cortes pelo corpo, a criança teve os olhos retirados. Nas paredes haviam símbolos desenhados com o sangue das vítimas.
- Que porra é essa? – disse Roberto aterrorizado com a cena.
Trêmula, Natália sentou no chão, encostando-se na parede. Ademar entrou em desespero, berrando, chorando, andando de um lado para o outro, esticando as mãos como que tentando consolar as vítimas.
- O que são esses símbolos? – perguntou Pedro a Du.
- É um aviso de que o serviço foi feito. – respondeu Du lendo as inscrições.
- Então, tem um demônio metido nisso? – perguntou Roberto.
- O nome que está nessas paredes é de um humano. – respondeu Du – É alguém que se auto-intitula “o Pai Bondoso”. Essas pessoas foram mortas pouco antes de chegarmos, o que sugere que ele nos queria aqui e armou tudo isso.
- Aposto que as gravações do sistema de segurança não mostrarão quem fez isso, assim como a polícia não vai encontrar nada. – disse Pedro – Roberto e Natália, levem Ademar para o apartamento do Linhares. Se quiserem ajudar, nos encontrem depois de amanhã no mesmo camarote da Tibo’s às 20:00. Du, abra um caminho para o shopping onde acharam o carro roubado, vamos rastrear esse puto.
to falando caralho, publica essa porra!!!
ResponderExcluirfodástico! passou um filme na minha cabeça!!!
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