segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

ONG VIDA MELHOR

Madri – Espanha, 22:55

- Acho que o Du ta perdido. – disse Natália.

- Você acha? Eu tenho certeza! – resmungou Pedro.

- Por que vocês simplesmente não curtem o passeio? – perguntou Du.

- Pois é, vamos curtir um super passeio pela periferia de Madri enquanto o mundo está à beira do Armageddon, genial. – disse Natália – Tava pensando até que seria uma boa idéia irmos a um jogo de futebol.

- Vai procurar marido lá? – brincou Pedro, fazendo Du rir.

- Agora entendo porque você é um velho solteiro. – respondeu Natália.

- Primeiro, precisamos recolher informações. – disse Du – Duvido que as obteremos durante a execução de algum plano. Além disso, precisamos justamente de um plano e para elaborá-lo e evitar surpresas temos que fazer o dever de casa antes. O contato de Tony está aqui, mas tem outra pessoa que gostaria de ver antes.

- Poucas pessoas na Terra sabem onde Samael está e como trazê-lo, mas já temos um ponto de partida para isso. – disse Pedro – O que me preocupa é não saber muito sobre o Projeto Ômega.

- Mas vocês têm alguma idéia do que pode ser o Ômega? – perguntou Natália.

- Com certeza, é algo ligado a tecnologias recentes. – respondeu Du – Agora, quais tecnologias... não tenho noção. Pedi a Pacchi que analisasse os investimentos de Maddox, o único que sabemos que estava ligado ao projeto.

- Pensei que Pacchi estivesse preso. – disse Pedro – Ele parou de invadir e desfalcar bancos e empresas?

- Que nada, continua se enrolando até o pescoço. – disse Du – Só que agora, além de encobrir muito bem seus passos a ponto de ser quase impossível provar seus crimes, foi contratado por uma agência internacional para impedir crimes na internet.

- Estão deixando o lobo dormir no galinheiro. – riu Pedro – Ele não disse qual agência o contratou?

- Claro que não. – respondeu Du – Ele tá se achando o agente secreto, disse até que tem porte de arma.

- O mundo está mesmo acabando! – gargalhou Pedro.

- Se o GPS estiver certo, é aqui. – disse Du estacionando em frente a um galpão aparentemente abandonado. Buzinou duas vezes. De uma janela próxima ao telhado alguém piscou uma lanterna três vezes. Du piscou os faróis quatro vezes e apagou as luzes. Os portões do galpão se abriram para a entrada do carro, sendo fechados em seguida.

- É impressão minha ou isso foi um sinal secreto? – perguntou Natália.

- Exigências de Pacchi. – disse Du.

Pacchi era um homem magro, pálido, que usava jeans e camiseta do Barcelona. Aparentava ser um pouco mais jovem que seus verdadeiros 25 anos. Tinha olheiras que denunciavam as várias horas que estava sem dormir.

- Você está parecendo um zumbi, Pacchi. – disse Pedro ao cumprimentar o amigo.

- Dormir é uma perda de tempo necessária. – respondeu Pacchi – Acho que perdi umas quatro horas dormindo nas últimas setenta e duas.

- Se fez o que pedi, não precisa arrumar desculpas. – disse Du.

- Você vai ficar surpreso com as coisas que descobri. – disse Pacchi abrindo a grade do elevador.

- Não acha um pouco demais se esconder no subsolo com câmeras espalhadas por todo lado? – perguntou Pedro.

- Cara, agora eu sou um agente secreto, não ficou sabendo? – disse Pacchi – Tenho câmeras, sensores de movimento, visão de calor... Sou importante demais, não posso ficar exposto.

- E o que você faz de tão importante? – perguntou Natalia.

- Muitas coisas. Trabalho para pessoas importantes, mas tudo é confidencial. – respondeu Pacchi.

Pacchi sentou na única cadeira que havia no subsolo, cercada por três monitores de 22 polegadas e um de 52.

- Não costumo receber visitas. – disse Pacchi – Sentem no chão mesmo ou fiquem de pé, sei lá. Separei o que achei mais importante, vejam no monitor maior. Primeiro, chequei os investimentos de Maddox, mas não encontrei nada em áreas de tecnologia. O cara trabalhava, basicamente, com imóveis, mas tinha umas sujeirinhas, como prostituição, agiotagem, lavagem de dinheiro. Parecia que isso não daria em nada, até que descobri doações semestrais com sete dígitos para uma ONG chamada Vida Melhor. Estranho demais um explorador de mulheres investir numa ONG que busca melhorar as condições de habitantes de países subdesenvolvidos. Não entrava na minha cabeça como essa ONG ganhava tanto dinheiro e não tem um comercial de TV, só um sitezinho malfeito. Segundo o site, eles têm investido em países africanos e asiáticos, só não dizem que tipo de investimento, nem quanto, nem os locais. Suspeito, muito suspeito. Fucei nas contas da ONG e descobri centenas de doações semestrais ou anuais, e nenhuma abaixo de dois milhões de dólares. Tem de tudo nessa lista! Ex-governantes e militares da extinta URSS, empresários e políticos corruptos sul-americanos, famílias que dominam o petróleo no Oriente Médio, manda-chuvas de zaibatsus, banqueiros judeus, cantoras pop estadunidenses e européias... tem de tudo nessa budega!

- E com toda essa grana, como eles ainda não acabaram com a fome no mundo? – perguntou Pedro.

- Essa é fácil: porque nenhum pobre um centavo! – respondeu Pacchi – O dinheiro é usado para financiar pesquisas de nanotecnologia, clonagem, melhoramentos genéticos, armas... Se acontecer uma guerra contra alienígenas super-evoluídos, esses caras estão preparados.

- E contra o inferno? – perguntou Du.

Pacchi coçou a cabeça, fez careta e disse - Acho que o capeta deve pensar duas vezes antes de arrumar treta. Deu um pouco de trabalho, mas achei uns documentos que falam de humanos capazes de usar poderes de anjos, inclusive após o por do Sol. Se chegaram a esse ponto, sabe-se lá o que mais podem fazer.

As luzes se apagaram e os monitores passaram a exibir as imagens das câmeras de seguranças.

- Merda! – gritou Pacchi – Du, abra aquela porta. Pedro, aperte um botão vermelho dentro do elevador. Mocinha, pegue uma arma naquele armário e vê se acerta os invasores e não a gente.

- Achei que era brincadeira o papo de ser perseguido. – disse Du.

- Cara, fudeu! Fudeu! – gritou Pacchi enquanto acompanhava a movimentação pelos monitores – Esquece a porta de saída, Du, eles já estão lá! Pedro, apertou o botão?

- Sim. – respondeu Pedro.

- Então você acabou de destruir a outra saída. – disse Pacchi – Já era! Morri!

- Du, tira a gente daqui logo! – gritou Natália.

Os quatro correram para o portal aberto por Du, saindo no lado de fora do galpão.

- Imbecil, era pra você mandar a gente pra outro país! – disse Natália.

- Esse era justamente o meu plano. – respondeu Du – Falhou, não sei porque.

- Eu acho que sei... – disse Pacchi apontando para o homem, que usava armadura preta e carregava uma lança, que se aproximava.

- Ele ta bloqueando meus poderes. – disse Du – Não consigo conjurar armas, nem teleportar.

Pedro caminhou até o soldado e perguntou – Quem é você? Por que está aqui? Vá embora antes que eu...

Pedro não teve tempo de se esquivar do golpe do soldado e, quando a lança atravessou sua pele, sentiu uma forte descarga elétrica percorrer seu corpo. O soldado ainda deu outra descarga elétrica antes de retirar a lança de Pedro, que ficou imóvel, quase inconsciente. Pacchi disparou um tiro, acertando o soldado na cabeça, fazendo-o cair ao lado de Pedro.

- Se eles conseguem usar os poderes de anjos à noite, só uma bala não resolverá. – disse Du usando a lança do soldado para decapitá-lo – Posso sentir a presença de outros, melhor sairmos logo daqui.

Du conjurou outro portal, esperou Natália e Pacchi passarem para ir em seguida carregando Pedro.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

VOCÊ NÃO IMAGINA O QUE JÁ PASSAMOS

Hotel Galaxy, próximo ao Aeroporto de Guarulhos – 02:05

- Será que o Du vai demorar? – perguntou Natália.

- Acho que não. – disse Pedro – Ele gosta de se programar, ter lugar pra ficar, veículos, restaurantes... Por isso, pode viajar tranqüila porque ele cuida de tudo. Daqui uma meia hora deve estar de volta.

- Apesar de ser um demônio, ele até que é bem tranqüilo. Digo, não fica falando de arrancar cabeças ou sacrificando criancinhas.

- Nem todos os demônios demonstram sua verdadeira natureza o tempo todo.

- É aí que ta, acho que ele não é um monstro.

- Depende do ponto de vista... Já o vi enforcar uma pessoa porque riscou o carro dele, mas, também, presenciei algumas atitudes bondosas, justas, piedosas...

- Conta alguma dessas histórias.

- Se quiser, tenho algumas, minhas, bem interessantes também.

- Não temos tempo pra duas histórias e acho que não to afim de saber da tua vida.

- Você ta começando a perder o encanto, sabia?

- Para de enrolar e conta logo antes que ele volte.

- Ok, certo... Vejamos, algo sobre Du... hum... teve uma vez que estávamos em Santos, voltando bêbados para o hotel, e ouvimos alguém chorando, implorando por ajuda. Du resolveu dar uma olhada, abriu um portal para o apartamento e encontramos uma menina de uns 13, 14 anos, ajoelhada do lado da cama, rezando e chorando. Fiquei escondido nas sombras enquanto ele se aproximou. A menina disse que os pais tinham sido assassinados na frente dela, que a polícia prendeu os bandidos, só que não foi em flagrante e não havia provas, além disso, disseram que seu depoimento era confuso porque estava muito abalada... enfim, os bandidos estavam soltos e os pais dela embaixo da terra. A garota disse que queria matá-los e que faria qualquer coisa se Du a ajudasse. Ele disse que não a deixaria se sujar com isso, que era pra ela levar a vida, pois um dia a dor diminuiria. Não me esqueço das palavras deles... “eu quero justiça!”, disse ela. E Du respondeu: “Justiça? Por que fala de justiça quando na verdade está implorando por vingança? A única saída justa seria fazer com que isso jamais tivesse acontecido, mas é impossível. Por isso, só posso te oferecer vingança. Aceita?”. E ela respondeu: “sim”. Não entendo porque ele resolveu ajudá-la... bom, isso não vem ao caso... O que aconteceu em seguida foi que ele encontrou os dois assassinos. O primeiro foi razoavelmente fácil, pois tinha se convertido e vivia na igreja... Du esperou o culto acabar e bateu a cabeça do maldito no altar até o cérebro vazar. O segundo, bem esse ainda tava na ativa. A polícia estava atrás dele por ter estuprado e matado, com mais de vinte facadas, uma jovem alguns dias antes. Du o encontrou escondido num barraco numa favela em São Paulo. O cara acertou um tiro no Du, o que, sinceramente, não foi uma idéia muito inteligente. Du tomou a arma dele e abriu um portal pro cemitério onde a última vítima tinha sido enterrada, deu uma pá ao assassino, fez ele desenterrá-la e abrir o caixão. Aí foi legal demais! Pegando o assassino pelos cabelos, Du o fez olhar no rosto da garota e esfregou sua cara nos ferimentos. Aí ele disse: “Agora você chora e implora perdão, mas qual foi sua atitude quando ela fez isso? Onde está o cara que aterrorizava todo mundo? Entre no caixão e implore, se ela te perdoar, está livre”. O bandido tentou escapar, mas Du deu três nas pernas dele. Daí o cara segurou no jazigo ao lado e, com uma pazada, Du decepou uma das mãos dele... hum... não lembro qual mão foi, mas, enfim... Du enfiou a mão decepada na boca do assassino, jogou-o dentro do caixão e cobriu de terra.

- Isso era pra ser uma história sobre bondade e compaixão?

- Nem vem, a história é massa. É o lado “humano” do Du. Apesar de dizer que não acredita em justiça, acho que ele sempre tenta fazer algo pra equilibrar as coisas...

- Claro... enterrar pessoas vivas é “justiça pura”.

- Entregá-las a um sistema corrupto e sobrecarregado, cheio de advogados preparados para utilizar as leis para livrar bandidos é uma alternativa muito melhor, não?

- E onde ficam os direitos humanos?

- Direitos humanos são para humanos, não para animais. Os assassinos riem na cara da justiça porque sabem que ela não é feita para eles. Nunca vi defensores dos direitos humanos irem ao enterro de um inocente amparar a família e exigir a punição do criminoso. Pessoas boas morrem todos os dias e são ignoradas enquanto os criminosos são tratados a pão-de-ló. Porque os defensores dos direitos humanos não chamam os bandidos que tanto protegem quando estão sendo assaltados, estuprados ou assassinados?

- Mas todos podem errar, assim como podem se arrepender e não repetir o erro. Além disso, cada caso é um caso.

- Sem hipocrisia, responda: você está num matagal, ferida, com dois homens arrancando suas roupas. O quê você prefere, um pacote de camisinhas ou uma arma carregada?

- Aí você pegou pesado.

- Peguei pesado? Duvido que alguém escolheria as camisinhas. Imagina que legal, você chega na delegacia e diz “seu guarda, eu fui estuprada, mas, felizmente, tinha um pacote de camisinhas na minha bolsa” ou, pior ainda, “eu queria ter um pacote de camisinhas!”.

- Ta bom, entendi.

- Sabe, você deve pensar que demônios não tem escrúpulos, nem limites... o Du, nesse sentido, é bem diferente... ele jamais estupraria alguém... mas mataria, sem peso na consciência, uma criança para sobreviver. Ele é meio “velhão”, sabe... de uma época que moças casavam “moças” e com 15 anos uma pessoa já devia cuidar de sua própria família.

- Ele é diferente... mas no fundo, acho que é uma pessoa normal. Digo, não normal como um humano normal... mas normal. Tudo depende da situação.

- Exatamente.

- Você sabe como ele nasceu? Sabe como é, ele deve ter sido parido de alguma forma.

- Pra ser um demônio você precisa passar um tempo no inferno. O problema é que o inferno é fodasticamente... foda. Tudo é morte e destruição. Você nasce, mata, morre, nasce novamente, arrebenta tudo que encontra pela frente, morre de novo... e nasce... e mata... e morre... Em algum momento, todo mundo acaba matando... a morte vira algo banal, mas necessária. Você deixa de ser humano na primeira vez que morre no inferno. Com o tempo começa a esquecer do teu passado, do que era ser feliz, do que era a paz. Alguns se entregam totalmente, param de lutar e se tornam vermes... literalmente. Alguns se transformam em monstros enormes... outros se fundem para poder sobreviver... pouquíssimos são capazes de se manter consciente e usar a energia que adquirem para se defender e, um dia, quem sabe, escapar para a Terra. Na Terra, a morte é única... se um anjo, vampiro, ou demônio morre aqui, não volta mais. Mesmo assim, talvez seja melhor viver poucos anos na Terra e desaparecer que passar a eternidade no inferno. No inferno, alguns lugares são enormes desertos, onde as almas te arrastam para baixo... outros são belos campos onde você é perseguido por milhares de monstros... tem a terra dos “moradores invisíveis”, onde você fica simplesmente perdido, sem conseguir ver ou falar com ninguém... mas um lugar cabulosamente tenso é a “Área Zero”, onde o tempo não passa. Parece besteira alguém ter medo dum lugar onde o tempo não passa, mas pense como é ficar preso lá por séculos na escuridão total, rodeado de coisas que seus olhos não vêem, mas sua cabeça diz que é algo terrível, e, quando sair, não terá passado um segundo sequer.

- Então ele era um humano?

- Provavelmente sim, eu acho... a gente nunca conversou sobre o passado dele.

- Mas ele tem poderes... não conheço humanos que fazem o que ele faz.

- Você faz coisas estranhas. O lance do poder é usar a energia que você acumula. O Du consegue arrancar coisas do inferno... teleportar... humanos não fazem isso, geralmente, porque é muito desgastante, o corpo pode não agüentar. Mas isso não quer dizer que não existem humanos poderosos a tal ponto.

- Vocês têm amizade com muitos demônios e vampiros?

- Conhecemos alguns, o problema é que desaparecemos muito facilmente. Tem aqueles que se refugiam no inferno, mas a maioria é destruída.

- Tinha outra visão sobre imortais...

- Todos acham que, ao se transformarem em imortais, viveram por séculos, só que, na verdade, a maioria acaba vivendo apenas algumas décadas. Alguns entram em depressão e se matam, ou saem se mostrando demais e acabam sendo mortos. Nós, imortais, somos menos cuidadosos. Não é qualquer acidente que nos matará, assim como nenhuma doença ou a velhice, só que não existem leis que nos protegem e temos que viver vidas falsas. Temos que estar ligados o tempo todo, pois é matar ou morrer. Anjos, humanos e mesmo vampiros e demônios são ameaças constantes a nós.

- A vida de vocês não parece tão agradável. Poucas perspectivas de futuro...

- Eu e o Du aceitamos que existimos, e isso é suficiente para querermos sobreviver. Você não imagina o que já passamos... enterramos mortos pela Peste Negra, comemos ratos quanto a tripulação de um navio que nos trazia à América morreu de fome, destruímos tribos que nos caçaram, queimamos mulheres em nome da Igreja Católica, salvamos judeus durante a Segunda Guerra Mundial e sugamos suas almas pra enfrentar os nazistas. Nós lembraremos para sempre daquilo que vocês, humanos, felizmente não se recordam por causa do Véu do Esquecimento.

- Devem ter passado por momentos bem difíceis mesmo.

- Vocês reclamam o tempo todo de suas vidas, dizem que o mundo nunca esteve tão ruim e que em algum livro religioso ou nos escritos de uma civilização perdida esses são sinais do fim. Cara, o mundo nunca esteve tão bom! Vocês vivem muito mais que há um século, sem falar nas coisas que tem acesso para facilitar a vida e mesmo assim vivem reclamando. O que acontece é que os humanos nunca estão satisfeitos e sempre, sempre mesmo, alguém tenta provar que é superior. Nós matamos para sobreviver, porque é a forma de nos alimentarmos e nos defendermos, enquanto vocês se matam por palavras, crenças, dinheiro... é tão ridículo alguém viver tentando juntar papel, matar por papel, se vender por papel... no fim, dinheiro é só isso... papel.

- Agora, parou, porque o assunto ta abrindo a porta.

- O Tony me ligou. Vamos pra Madri e o vôo sai às 6:20. Arrumei um caixão maneiro pra você. – disse Du a Pedro – Também reservei três quartos, comprei um mapa da cidade, porque o GPS do meu celular vive travando, e consegui um carro emprestado com um amigo.

- Bem que o Pedro disse que você cuidaria de tudo.

- Agora vou ler o jornal enquanto meu amigo chupa-sangue descola um café. – disse Du.

- Puta merda, você acabou de voltar da rua. – disse Pedro – Por que já não trouxe o café?

- Porque aí você não precisaria fazer nada e odeio te ver entediado.